Como inverno intenso, sequer comedido,
Como tez dura, gélida no impetuoso vento.
Na busca incessante do amor exaurido
No frescor das manhãs, procuro acalento.
Se o sol vem e aquece a névoa que encanta
Os amores passados, porém já tem ido,
Como névoa que lava a folha da planta,
Como gotas de orvalho, vejo-me perdido.
E o canto da brisa invade meu ser,
Arrasta os “ais” do meu pensamento.
O que resta do passado me incita a viver
E aquece meus lábios, de beijo sedento.
Quando o frio implacável traz solidão,
Faz viver sem sentir que o sol me aquece.
Mas se a névoa esvair-se do meu coração,
Serei como o dia que nunca adormece.
Se os amores se foram como tudo na vida,
Morreram-se os sonhos, se não há recomeço.
Se os beijos secaram, se a esperança é perdida.
Pra essência da alma, viver não tem preço.
Pois no curso da vida brota esperança,
E se faz primavera em cores e perfume.
O ciclo do tempo esgota a lembrança,
E no efêmero passado, aliás, se resume.
Reacende na alma a chama da vida,
O fascínio do amor rebrota em chamas.
Só alegrias perenes, nunca sentidas,
Pois tudo é possível àquele que ama.
Quando enfim saber que amar é capaz,
Os tristes momentos é um mero passar.
Névoa traz caricias, manhãs, o sol traz,
Sem frio na alma, sem medo de amar.
silvano silva r18